{Histórias de Família} Água

 

  





Acervo Pessoal



   Minhas histórias de família são memórias afetivas. Trago-as embrulhadas com um laço de afeto fluido e genuíno e respeitosamente guardo todas numa caixa mental especial. Como um baú cheio de um curso d’água morna e afável. Durante a infância íamos muito à roça, herança da família do meu pai. Na fazenda a cor da terra era diferente. Em algumas partes a terra era roxa, em outras ocre. Certo dia meu pai estava cuidando de uma plantação de abóboras d’água (algumas quase ao ponto de cabaça) e mostrava-a a minha mãe. 
   Meus irmãos já estavam mais a frente indo em direção ao córrego que cortava a propriedade. Um pequeno córrego que aumentava sua margem aos poucos até mais abaixo ter força suficiente pra conseguir mover um moinho (o qual no interior de Minas chamamos carinhosamente de “munho”). 
   Eu não conseguia abarcar tanto: o cheiro de mato durante a capina misturado ao vento lento. Minha franja de criança voava fina e loira com o vento. 
   Era manhã mas o sol já estava quente. Minhas bochechas ardiam e eu precisava beber água. Quando me aproximei do córrego e me ajoelhei a água era transparente com pedrinhas marrons no fundo. Meus pais me ensinaram a beber água com uma folha feito meus irmãos. Por mais que tentasse eu só conseguia beber água com as mãos em concha.  A MELHOR ÁGUA QUE JA TOMEI!    
   Meus irmãos entraram na água rasa e se molharam da cintura pra baixo, eu com medo só queria saber como se bebia água com uma folha. 

Comentários

  1. Eu também quero aprender a beber água com folha.

    Que infância gostosa!

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  2. Lu, que crônica mais doce! :)
    A vida tem uma simples complexidade que é cheia de beleza, não?

    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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