![]() |
| Acervo Pessoal |
Um acúmulo de sentimentos costuma me atravancar. Eu ansiosa, forço o choro goela adentro. Eu percebo certo treino em segurar o choro, porque a trava na garganta não é uma sensação nova. Quanto mais acuada me sinto, mais cara de paisagem eu faço, mais educação esbanjo, mais dificuldade de respirar eu sinto.
Quando me sento no banco de praça (só porque sinto que a vida já exigiu muito de mim) me imagino deitada de lado, sobre o braço esquerdo com ele todo esticado e percebo as pontas dos dedos em desfoque. É assim que eu me imagino às vezes, mas é uma opção triste demais. Então penso em como seria se eu sorrisse de dentro pra fora um sorriso gigante e percebesse que tudo estava prontamente entendido-barra-arrumado-barra-sanado-barra-curado-barra-resolvido. É feliz demais. Tóxico até, eu diria. Tão tóxico quanto a tristeza que pra mim era de praxe.
Pode ser um pouco louco, mas pra me curar eu uso as palavras. Eu escrevo e tento curar essa oscilação no tempo. Então com uma página em branco eu escrevo e me distraio ao ponto de esquecer que não era pra chorar. Eu nunca peguei ninguém no flagra, mas a trava na garganta some. Eu estou do outro lado do rio. Eu o atravessei sem que eu mesma notasse.

Postar um comentário