Ciclos e suas metamorfoses

 

     São 7 e 20 da noite e estou aqui pensando nos rituais pós banho. Me descuidei nesses últimos 15 dias. Me percebi anulando meu auto cuidado. Mas aqui pensando, nesse nano segundo entre o início do texto até aqui, eu procurei dormir e descansar. Eu me cuidei sim. Retiro o que disse. Diante de tudo eu fiz o melhor que pude. As vezes pensar no cuidado alheio é cuidar um pouco de si também. Alimentar a generosidade é um importante autocuidado. 
     Mas como falava, enquanto pensava nos rituais pós banho, logo hoje, 31 de dezembro, ri pensando em mim tentando fazer parte de um ritual comum de fim de ano: escrever lista de infinitas e impossíveis metas, pular sete ondas, comer romã e um pouco em duvida entre roupa intima rosa, azul, verde ou talvez a branca que engloba todas elas. Mas não, sou só eu trabalhando, não, alimentando todas as coisas boas que enxergo em mim. É claro que autocuidado não é apenas cuidar da pele, do corpo. É tudo que você busca pra se nutrir. 
     Eu ando pensando muito sobre como a vida tem me ensinado sobre as pessoas, mas principalmente sobre mim. Tem sido um ano intenso. Nunca saí da minha zona de conforto como nesse ano. E foi assustador. E ainda é. Estar disposto a aprender é estar disposto a viver. Esse ano eu aprendi sobre o medo, mas aprendi muito mais sobre como eu tenho tanto poder nas mãos. Poder de me entender e lutar por mim. Que nem tudo é pessoal e que todo mundo é feito de carne e sangue como eu, mas que nem todos enfrentam a vida como eu. E isso me deixou muito mais leve. Eu não sou discípula da verdade. Não preciso enfiá-la güela abaixo. Entender a humanidade das pessoas, só me fez lidar melhor com a minha. A gente passa a vida toda aprendendo e ainda consegue se surpreender. Eu mexi em tantas feridas, e foi tão difícil, mas me fez ver que sou muito mais do que elas. 
     Mas mais do que aprender sobre mim, nesse ano eu me reconheci dentro da minha pele. Descobri que em meus olhos tinham essa camada de poeira que fazia eu me enxergar de forma tão deturpada. No início, estava sem perspectiva, sem acreditar que podia ir além das minhas expectativas. Reconheci minha voz e aprendi sobre usá-la com parcimônia e respeito. E mesmo agora, mais de uma hora depois que comecei esse texto, mesmo depois de um ano atípico, de ter de me despedir dos meus colegas de trabalho e de me ver diante de uma situação familiar no mínimo complicada, eu ainda tenho tanto a agradecer. 
     Obrigada 2020. Feliz 2021!










Comentários

  1. "A gente passa a vida toda aprendendo e ainda consegue se surpreender. "
    Entendo isso todos os dias.

    te amo.

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  2. Lu, você é tão forte, tão maravilhosa, tão humana, tão incrível!
    Eu só me sinto honrada de poder compartilhar esse planetinha com você.

    Quando estivermos vacinadas, vamos ver o Lenine de novo! :)
    Vai ser a nossa forma de celebrar a nossa existência!

    Um beijo,
    Fernanda Rodrigues | contato@algumasobservacoes.com
    Algumas Observações
    Projeto Escrita Criativa

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